Coordenadora do NAPI recebe Prêmio Carolina Nemes

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Coordenadora do NAPI recebe Prêmio Carolina Nemes


Por: Mariana Manieri Pires Cardoso

 

Doutora Rita de Cássia dos Anjos venceu o prêmio que reconhece mulheres físicas que contribuem para a área no Brasil

Não é uma surpresa que a trajetória da ciência brasileira, bem como seu avanço, contêm a participação de mulheres cientistas extremamente importantes. No entanto, esse reconhecimento demorou para se estabilizar, por isso, premiações como o Prêmio Carolina Nemes, criado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), são fundamentais para conhecermos e reconhecermos nossas pesquisadoras, prestigiando suas contribuições para o desenvolvimento da física brasileira, bem como contribuindo para diminuir a desigualdade de gênero na física.

O prêmio ganhou esse nome porque a doutora Maria Carolina Nemes foi uma física brasileira ímpar, que contribuiu em diversos campos da área. Ela publicou cerca de 200 artigos durante sua carreira como cientista, nas melhores revistas especializadas nas áreas de mecânica quântica, física de partículas elementares, teoria de campos e física nuclear relativística.

Assim, o prêmio que carrega o nome da cientista é oferecido a mulheres, físicas, em início de carreira, que tenham contribuído de forma significativa para o avanço da área ou do ensino de física no Brasil, por meio de trabalhos e pesquisas. A coordenadora do NAPI Fenômenos Extremos do Universo e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), doutora Rita de Cássia dos Anjos, foi a grande vencedora da edição 2023 da premiação, realizada esse ano. Ela é astrofísica especialista em raios cósmicos e raios gama.

“Para mim, ganhar o prêmio é uma conquista muito grande, tendo o reconhecimento da pesquisa que eu faço em termos de qualidade! Porque a gente ganha notoriedade dentro da academia, entre os pares… Isso é muito importante para nós, mas também para a sociedade, porque a sociedade tem curiosidade: ‘que prêmio é esse?’, ‘Por que ela ganhou?’… E aí você tem a oportunidade de explicar aquilo que você faz, a importância daquilo”, afirma a ganhadora do prêmio. 

 

 

 

 

Rita possui graduação em Física Biológica, mestrado e doutorado em Física e pós-doutorado em Astrofísica, na Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics. Além disso, tem um importante papel no Observatório Pierre Auger, na Argentina, onde estão instalados cerca de 2 mil tanques de água no solo que captam partículas resultantes do choque dos raios cósmicos na atmosfera do planeta, além de telescópios de fluorescência. O Observatório é tão grandioso que ocupa uma área duas vezes maior que a cidade de São Paulo.

Ela também participa do projeto Cherenkov Telescope Array (CTA), que consiste em telescópios que estão sendo construídos no Chile e nas Ilhas Canárias, na Espanha, para estudar os raios gama que chegam até a Terra e, assim, analisar eventos extremos do universo. O projeto conta com a participação de cientistas de 30 países.

“Esse ano eu completei 10 anos de UFPR, então para mim foi uma alegria muito grande ganhar o prêmio, porque mostra o reconhecimento da pesquisa e da docência do que eu já fiz em termos históricos (…). É um marco na carreira, são 10 anos de pesquisa, 10 anos daquilo que eu fiz e produzi, que me mostra que minha história foi muito relevante! Acaba me dando ânimo e uma esperança que eu estou no caminho certo, que eu tenho que continuar fazendo a minha pesquisa, apesar das dificuldades e dos desafios”, explica a astrofísica.

Uma cientista brilhante para um prêmio brilhante! É válido destacar que ele é concedido, somente, às pesquisadoras que defenderam tese de doutorado no Brasil, nos últimos 10 anos, além de terem atuado em instituições brasileiras por, no mínimo, 70% do tempo entre o término do doutorado e o ano da premiação. Ou seja, o reconhecimento de cientistas que continuam impulsionando a ciência dentro do nosso país. 

“Quando a gente ganha o prêmio Carolina Names, passamos a ser uma inspiração (…), principalmente para meninas, que acabam olhando para a gente e falando: ‘se ela conseguiu, então quer dizer que é possível, que é um caminho que eu também posso trilhar’. Eu acho que essa inspiração é essencial!”, afirma a doutora Rita de Cássia dos Anjos.