Conversações Alimento e Território conta com cientistas da América Latina

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Conversações Alimento e Território conta com cientistas da América Latina


 

Pesquisadores do Equador e Colômbia participaram da segunda edição do evento

 

Por: Mariana Manieri Pires Cardoso

 

O NAPI Alimento e Território tem promovido lives de diálogos sobre pesquisa, ciência e universidade, entre pesquisadores, para debater assuntos pertinentes ao Arranjo e divulgar os estudos realizados por cientistas. A segunda edição de “Conversações Alimento e Território” ocorreu no dia 4 de setembro, ao vivo, no canal do Youtube @GeterrUnioeste.

O bate-papo contou com a participação de dois convidados muito especiais, o professor da Universidad Politécnica Salesiana (UPS), do Equador, doutor Saúl Uribe, e a doutoranda da Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia (UPTC) e diretora técnica do governo colombiano, a mestra Dora Inés Rey Martinez. A conversa foi mediada pelo coordenador do NAPI Alimento e Território, doutor Marcos Saquet, e pelos pesquisadores e pós-doutorandos do Arranjo, doutores Jean Filipe Favaro e Melissa Salinas. 

O coordenador do Arranjo conta que esses diálogos são sempre importantes para criar e alimentar um movimento intercultural e transterritorial, ou seja, que não se limitam apenas ao país em que vivemos, mas criam uma rede científica, em que a pesquisa realizada em outro território pode influenciar a pesquisa local. “São conversas não só de conhecimento, mas também de valores, e o rumo da construção de uma sociedade sempre mais justa para todos, e mais sustentável”, afirma Saquet. 

De acordo com Martinez, a relação de seus estudos com as categorias de “alimento” e “território” tem a ver com o desenvolvimento no marco do direito humano à alimentação. A doutoranda conta que é necessário a atenção à realidade da disponibilidade de alimentos, mas sem deixar de considerar o acesso a eles.

 

 

 

 

“Posso ter comida na esquina de casa, mas não ter recursos para comprá-la. Portanto, é necessário resolver a situação desde as políticas públicas e por cada tópico. Não só que o alimento seja produzido de forma sustentável e que a disponibilidade de alimentos seja garantida, mas que o acesso aos alimentos seja garantido, bem como a segurança e adequação destes alimentos, ou seja, que sejam saudáveis, que sejam equilibrados e que respondam também às características e tradições culturais e costumes de cada território”, explica a pesquisadora.

A diretora técnica do governo colombiano ainda afirma que o direito humano à alimentação numa região andina na Colômbia é muito diferente da região amazônica ou da região costeira caribenha da Colômbia, algo que deve ser entendido para que possamos pensar a sustentabilidade globalmente. “As comunidades campesinas, produzem 70% dos alimentos que todos os colombianos consomem. E é essencial garantir seus direitos! Proteger não só a população campesina, mas proteger os territórios que eles ocupam e proteger sua atividade, para garantir a segurança alimentar e o direito humano à alimentação”, aponta Martinez. 

Já o professor da UPS está trabalhando com a “La Chakra amazónica”, que é um sistema agroforestal tradicional administrado por comunidades indígenas na província de Napo, no Equador. A equipe de Uribe está estudando o sistema de rotação de cultivos para trabalhar em função do fortalecimento dos processos do cacau. “Estamos registrando a diversidade do ambiente, mas também entendendo que, em frente a essa diversidade, também se sentem certas adversidades, e essas adversidades têm a ver com a mudança climática, que ocasionam a diminuição de certas plantas. Não só se plantas alimentícias, mas também de plantas medicinais, bem como plantas que são vitais para a cultura”, explica o professor.

 

 

 

 

Os estudos também possibilitaram entender as comunidades que vivem na região e permitiu o desenvolvimento de um Atlas de Cartografia Social, que engloba tanto a parte natural do espaço, quanto as ameaças ao território, os processos extrativos, os lugares significativos, bem como os lugares de ritualidade. “Estamos construindo um instrumento que, esperamos, em um futuro não muito distante, permita a construção de políticas públicas muito mais assertivas dentro de um território tão frágil como os ecossistemas amazônicos”, afirma Uribe.

 

Você pode conferir a live completa da segunda edição de “Conversações Alimento e Território” em: